quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Pra Pensar

Recebi ontem as 16 horas um convite da Câmara Municipal de Londrina para um evento que ocorrerá dia 2 de dezembro. Este evento acontece todos os anos. Trata-se do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Ele é comemorado na Câmara dos Vereadores através de uma sessão especial fruto de uma resolução do regimento interno da Câmara, elaborado pela vereadora Sandra Graça Recco (PP).
Esse evento traça uma reflexão sobre a inclusão das pessoas com deficiência, também renova patrocínios para atletas para olímpicos da cidade e dá espaço para apresentações de grupos de escolas especiais. Além de calorosos discursos acerca da importância de valorizar o potencial da pessoa com deficiência.
Infelizmente não estarei aqui nesse dia, mais sim em Brasília participando da Conferência Nacional da Pessoa com Deficiência. Mas, mesmo que eu estivesse, estaria planejando um boicote a esse evento.
- UM BOICOTE - porquê? Vocês vão me perguntar. Afinal de contas o evento não traz a discussão a tona? Eu respondo sim traz. Mas o que falta nele e que é a chave principal do evento é a voz dos atores envolvidos, as pessoas com deficiência. Participei de três desses eventos e, em nenhum deles, eu vi - com raras exceções - nenhum deficiente fazer algum discurso para dar a sua verdadeira opinião sobre a inclusão... Se ela realmente existe o que ele entende por tal, etc. Tentei fazer isso o ano passado. Fiz um texto, para falar das lutas travadas pelas pessoas com deficiência e fui impedido. Por que? Segundo justificativa é que eu poderia comprometer a Sessão. Jamais eu faria uma coisa dessas ao contrário iria enaltecer a iniciativa. Mas eu não taparia, sob hipótese alguma, o "sol com a peneira". Pois, a nossa historia não é e nunca foi um conto de fadas e infelizmente ainda há mentes perversas que nos vêem como "meras crianças a serem tuteladas". Eu não sou contra o evento, ao contrário acho que Sandra foi a única parlamentar dessa cidade que encarou essa causa de verdade, de forma sincera, enquanto que os defensores desse mesmo grupo viravam as costas para projetos da Gleba Palhano e instalação de casas noturnas, ao invés de falar sobre a realidade que acessibilidade e a dignidade das pessoas com deficiência. Mas eu creio que o que falta nessa iniciativa é tirar um pouco das amarras assistencialistas e passar a ser almejado uma realidade concreta, o que fazer com o Calçadão que machuca milhares de cegos, muletantes e cadeirantes? O que fazer com as calçadas de toda a cidade que muitas pessoas precisam andar no meio da rua, pois estas não oferecem condições para andar? E o mais polêmico O que fazer com os camelôs que acham que a rua é só deles e nós pessoas com deficiência que "se danem"? E o transporte? que até agora tem ainda causado muita dor de cabeça e constrangimentos para muitas pessoas com deficiência. Então sei lá acredito eu que muito mais do que se emocionar com as pessoas com deficiência e sua ¨força de vontade¨ melhor dar nos força de vontade para viver, porque o negócio ta difícil.
Almir Escatambulo

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